Pacientes diabéticos não encontram Insulina em Passos

Embora a Lei nº 11.347, de 27 de setembro de 2006, disponha sobre a distribuição gratuita de medicamentos e materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar aos portadores de diabetes inscritos em programas de educação para diabéticos, há quatro meses, mais de 30 usuários passenses, devidamente cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS), não estão encontrando esses itens indispensáveis no município – mesmo após protocolarem uma notificação à Secretária de Saúde e registrarem reclamação na ouvidora do SUS.

Segundo a portadora de Diabetes 1, Jussara Maria Freire, a doença possui dois tipos, uma que acomete pessoas de mais idade e que pode ser tratada com medicamentos e outra, tratada com o uso de insulinas. Entre essas medicações, a entrevistada contou que existem três tipos, a Insulina NPH, a Insulina Regular e a Insulina Glargina.

No entanto, de acordo com Jussara, os moradores do município que precisam da Insulina Glargina fornecida pelo governo, não a encontram desde o último mês de agosto no Ambulatório São Lucas. “A única exceção para adquirir a medicação é quando a mesma é conquistada judicialmente, mas para entrar com um processo há toda uma burocracia”, disse.

Diante desse cenário e sem condições para arcar com os custos e nem mesmo esperar o tempo que demanda um processo no momento, a usuária revelou que tem usado a Insulina NPH, porém como seu período de ação é inferior ao da outra, Jussara confessou ter receio de passar mal, ter tonturas, desmaios e ficar com a visão turva. “Quem realizou todo o processo e foi recomendada essa Insulina é porque realmente precisa, até porque nos submetemos a exames a cada seis meses para conseguirmos parecer médico. Mas sempre dizem que não tem, que o governo não mandou e que não virá”, destacou.

Assim como Jussara, aos 21 anos, o filho da passense Mara Correa Sena também é diabético, e totalmente dependente da Insulina, faz uso da medicação desde os quatro anos. “No geral, a Secretaria de Saúde manda a Insulina no refil para quem usa a caneta, e no frasco para quem usa a seringa e, deveríamos estar recebendo sem problemas, só que não estamos. Nos desesperamos ainda mais esse mês porque chegamos para pegar o medicamento e soubemos que vieram apenas cinco frascos”, contou.

Preocupada com a situação de seu filho e dos demais usuários, Mara ressaltou ainda que está complicado encontrar os insumos de automonitorização e os de tratamento, que também estão previstos para distribuição. Tiras de glicemia capilar, glicosímetros, lancetas, lancetadores e seringa são exemplos desses produtos.

Outra questão que Mara enfatizou foi o fato dos 32 pacientes já terem passado por todo o processo determinado pelo governo e constatou também que “o diabético se não tomar Insulina, morre e, para tomá-la, ele precisa medir a glicose, a quantidade de açúcar no sangue. Estamos fazendo a nossa parte, mas e o governo? Por que mandar uma quantia mínima? Se só cinco vão receber, o resto vai morrer?”, questionou.

Insumos

Indignada, Jussara contou que há mais de um ano não recebe as “fitinhas para medir a glicose”, mas ainda assim recebeu uma ligação do PSF solicitando que a mesma compareça no local já no próximo dia 5, para continuar recebendo as lancetas.

Ao questionar que não as recebia, Jussara informou que a responsável disse que há mais de um ano realmente não estão fornecendo, mas que, para manter o cadastrado atualizado, é necessário fazer a consulta. Para a usuária, essa é uma perda de tempo, pois não há para distribuir. “Há muito tempo já venho comprando as seringas também, que são caixinhas caras – não pago menos de R$30,00 em um pacote com 10 seringas”, lamentou.

Jussara contou ainda que o grupo já foi atrás de alguns vereadores da cidade, mas que não obteve sucesso. Segundo relatado por ela, os mesmos alegaram que caso fossem prefeito, cuidariam da saúde da cidade, mas, Jussara debateu dizendo que “a questão não é usar ‘se eu fosse’. Se eles estão lá para representar o povo da cidade, custa dar um apoio para a gente? Mas nem nisso eles demonstraram interesse em nos ajudar”.