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12/05/2017

Crise hídrica no DF exige captação emergencial do Lago Paranoá

Sem obras emergenciais, o Sistema do Descoberto, responsável por mais de 60% do abastecimento de água do Distrito Federal, pode entrar em colapso em 2017. A conclusão é de representantes do governo e especialistas ouvidos nesta quinta-feira (11) pela Comissão Senado do Futuro. O objetivo da audiência era debater as restrições no abastecimento de água no Distrito Federal e em outras cidades do Brasil.

O presidente da comissão, senador Hélio José (PMDB-DF), que pediu a audiência, tem criticado a decisão do governo do Distrito Federal de captar água do Lago Paranoá para amenizar o problema. Durante a audiência, ele criticou o fato de a bancada federal não ter sido incluída na discussão sobre o tema. O senador disse que é preciso investir em obras definitivas e não em uma solução provisória. As informações são da Agência Senado.

"Não era muito mais razoável juntar todos os esforços nossos para ajudar na construção e finalização da adutora de Corumbá IV, para que a gente tenha rapidamente a solução definitiva do problema e não uma obra paliativa? A captação do Lago Paranoá,  além de ser mais um elefante branco construído com os poucos recursos que temos, ainda coloca em risco um cartão postal do Distrito Federal", questionou.

Raquel de Carvalho Brostel, assessora  de Meio Ambiente da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), explicou que a obra para captação de água do Lago Paranoá  já foi iniciada no dia 8 de maio, com início da operação previsto para outubro. Ela argumentou que a estimativa é de colapso no Sistema Descoberto ainda este ano, caso não sejam concluídas as obras emergenciais.

"Se não tivermos obra em outubro pronta, provavelmente o Lago Descoberto entra em colapso. Hoje, a gente está chegando ao nível de 55%. Com o consumo e com as entradas, nós entraríamos em colapso em setembro ou outubro. A obra emergencial era emergencial mesmo. Nós precisávamos da captação do Paranoá e foi a solução encontrada", esclareceu.

O professor Carlos Henrique Ribeiro Lima, coordenador do Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da Universidade de Brasília (UnB), concorda que a situação é alarmante. Segundo o professor, o nível atual dos reservatórios é um dos menores, mesmo se comparado com os níveis de outros anos no final de setembro, ou seja, depois da seca. Para ele, no momento, não há muitas alternativas melhores que o uso da água do Lago Paranoá.

Previsibilidade

Embora concordem com a emergência de uma solução, os especialistas discordam sobre a possibilidade de prever, com antecedência, a crise.

O diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Diógenes Mortari, explicou que, por maior que seja um reservatório ele sempre vai depender da dinâmica de entrada e saída de água, que inclui as chuvas. No Distrito Federal, destacou, já são três anos com chuvas abaixo da média, o que aumentou o problema.

Jalles Fontoura de Siqueira, presidente empresa responsável pelo abastecimento de água em Goiás (Saneago), alegou que a crise não atinge apenas o Distrito Federal, mas  toda a Região Centro-Oeste. Entre as razões dessa crise no Distrito Federal e cidades do Entorno, está o crescimento demográfico, a ocupação desordenada e a degradação de áreas de preservação e nascentes.

O professor da UnB concorda que houve uma diminuição drástica nas chuvas nos últimos anos, além de aumento na temperatura. Ainda assim, ele disse que a situação vivida hoje já era prevista desde o ano 2000.

O presidente do Conselho de Saúde do Distrito Federal, Helvécio Pereira da Silva, demonstrou preocupação com o impacto da crise hídrica na saúde da população. Para ele, a falta de água e é responsabilidade de todos. O clima do Distrito Federal, lembrou, é conhecido do governo e o mau uso da água é responsabilidade também dos cidadãos.

Medidas de controle

O presidente da Adasa negou que tenha havido negligência no trato do problema. Ele lembrou que a agência intensificou o monitoramento e emitiu, em 2016, várias regulações e medidas de controle, como o estabelecimento de limites para iniciar o regime de restrição no consumo. Além disso, citou ações do governo para conscientizar a sociedade sobre o tema.

Já o presidente da Saneago alegou que a empresa está tomando providências, como a perfuração de poços profundos, a ampliação e melhorias nos sistemas existentes e a continuidade da obra do Sistema Produtor Corumbá, que pode atender cidades do Distrito Federal e do entorno. Essa obra, explicou, tem complexidade elevada, o que torna difícil a execução. A meta é atingir, na primeira etapa, 1,3 milhão de habitantes e, na segunda etapa, 2,9 milhões de habitantes.

Tanto o presidente da Adasa quanto o professor Carlos Henrique reconheceram na crise uma oportunidade de crescimento.  O representante da agência disse que é hora de aumentar a transparência e fortalecer a relação com a sociedade, com educação para evitar o desperdício, por exemplo. Já o professor lembrou que obras estruturais só costumam ser feitas em situações críticas, como a que está sendo vivida agora.

Fonte:Notícias Ao Minuto

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